domingo, 5 de julho de 2009

CRÍTICA AO FILME FILADÉLFIA




Esta foi uma das obras que melhor retratou a SIDA (ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) e todas as suas dificuldades. Filadélfia trouxe à tona todas as discriminações sofridas pelos seropositivos e homossexuais.
Andrew Beckett (Tom Hanks) é um excelente advogado, que trabalha num escritório de juristas de grande prestígio em Filadélfia. Sendo homossexual e portador de sida acaba por ser discriminado por parte da firma onde exerce a sua profissão, como advogado.
Neste filme observamos todos os acontecimentos que sucedem após esta constatação, apesar de o filme ser protagonizado nos Estados Unidos, berço da Declaração da Independência americana, que primava pela liberdade e tantos outros preceitos, entre eles a dignidade e a igualdade, nem por isso deixa de retratar um problema que surgiu naquela época. E é aí que habita a grande e minuciosa mensagem do filme: a falta de tratamento igual e a discriminação contra as pessoas de diferentes escolhas ou opções, até mesmo no local onde isso foi contestado e contraposto com tanta intensidade, intrepidez e até mesmo obstinação.
Filadélfia é um filme simples e objectivo em que a ideia abordada é única e irredutível: tratar dos preconceitos. Não se limita a focar unicamente o problema da SIDA, muito pelo contrário, a obra abrange também, com firmeza e esclarecimento, a homofobia e, em algumas cenas, o racismo.
Este filme trouxe ao mundo, com toda a certeza, uma visão mais esclarecida sobre a SIDA, tema que, na época, era pouco conhecido ou, pelo menos, com o qual se tinha uma preocupação muito menor. Percebemos isso quando nos deparamos com o medo de contaminação pelo toque e, até mesmo, pelo próprio ar. Além do mais, conseguimos vivenciar todos os medos de Andy, que, movido pelo carácter e rectidão, busca justiça. O que é verdade é que a vida é uma sentença de morte e a SIDA torna-se um catalisador que acelera esta sentença: Andrew fica pior e mais fraco a cada dia, o que faz com que tenhamos, de certa maneira, alguma compaixão por ele.
Outro tema tratado durante a projecção inteira é a homofobia, o horror aos homossexuais é apresentado de uma forma tão perspicaz, que nos mostra como tal atitude é deplorável, e digna de piedade. Contudo, se tal contexto fosse inserido nos dias actuais, perceberíamos que os comportamentos não são muito diferentes.
Neste filme é de destacar o papel do actor Tom Hanks, o melhor actor revelado, nos últimos vinte e cinco anos, pelo menos. Ele actua de uma maneira convicta e maravilhosa em Filadélfia, tanto é que o papel lhe rendeu um Óscar. Andy é retratado com tanto brilhantismo, que nos encorajamos a entrar na sua batalha judicial, sem nos apercebermos sofremos tudo o que ele sofre ao longo do desgaste que a SIDA lhe traz e emocionamo-nos a cada cena angustiante suportada pela personagem. Auxiliado por uma maquilhagem de primeira, as expressões do actor, tanto corporais e faciais, como ao que se refere à maneira de falar, são tão verdadeiras e sinceras, que trazem uma reflexão ainda maior ao caso em questão. Denzel Washington também merece algum destaque pois o que é certo é que no papel não é perfeito, mas é sincero. Faz de um duro e sarcástico advogado que, contudo, sabe portar-se em situações sérias. E para acompanhar o filme Bruce Springsteen, o músico americano expõe todo o seu talento ao compor "Streets of Philadelphia" que é uma canção simplesmente mágica, esta, premiada com um Óscar, revela todos os sentimentos do filme, a depressão, tristeza e solidão da personagem principal.
Na minha opinião, a longa cena da ópera é o aspecto mais negativo por ser muito extensa e monótona. Desse modo, não causa o impacto que deveria e parece bloquear um pouco o filme.
Muito mais do que ataque ao capitalismo ou vitimização dos seropositivos, este filme aborda os preconceitos, seja quais forem as situações em que ocorram. Bem mais profundo e prudente, e longe de querer manifestar qualquer outro interesse ele sugere o quão importante é a igualdade entre os homens no sentido universal da palavra, seja aos seropositivos, entre raças, orientação sexual ou qualquer circunstância que trate das diferenças, o uso da ponderação e do bom senso é iminente.
Para concluir, importa dizer que o filme Filadélfia apresenta um tema inovador, a SIDA, não como relato médico, o qual descreveria sobre a debilidade dos linfócitos e de todo o sistema imunológico permitindo que uma série de doenças adviessem, mas como síndrome que enfraquece o indivíduo e o mata fisicamente, e que o preconceito e a humilhação a ele direccionados são tão degradantes que causam uma morte ainda mais preocupante: a morte social.

7 comentários:

  1. assisti este filme a poucos dias atrás na aula e tive de fazer um trabalho sobre ele. Gostei do teu texto e ajudou-me a eloborar o meu trabalho por isso, muito obrigado, está muito bommm !

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    1. da me o teu trablho!!!! já!!!!!
      preciso dele para filosofía!!! Obrigada, beijinhos meu amor

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  2. Pois para mim uma das cenas mais belas é a da ópera, tanto enquanto cinema tanto enquanto humanidade: choro sempre ao assisti-la!

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  3. achei o filme interessante .

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  4. “A angústia provocada pelo HIV desencadeia uma histeria social que promove a morte social mesmo antes que a morte física aconteça”.

    Triste mas verdadeiro!
    Lucia

    https://www.facebook.com/update_security_info.php?wizard=1#!/cursodecitologiadocolodoutero

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  5. tiraste-me as palavras da boca... ta feito

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  6. Gostei de todos o filme, mas duas cenas merecem muito destaque em que ele está no escritório do advogado que ela fala que tem AIDS e o advogado homofóbico recusa o caso

    E quando o advogado se sensibiliza com ele na biblioteca e aceita o caso e todo o preconceito e quebrado, ou seja começa a Empatia

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